Ano de 1970, ditadura militar. Antonio Carlos de Brito abandona um destino próspero e se torna Cacaso, um dos líderes | dG1fY2t6dXZiRkpqWkE
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00:10 Arca de Noé, nasceu, fodeu.
00:14 ♪
00:16 Eu conheci o Carcaso em 1972, quando eu entrei pra PUC.
00:22 Havia pessoas brilhantes, mas a pessoa mais interessante que havia na PUC,
00:26 mais original, pelo menos, era um tal de Antônio Carlos de Brito, Fugo Carcaso.
00:32 O que havia de surpreendente era a mistura que o Carcaso fazia
00:36 entre uma vida muito informal, artista e boêmia,
00:39 e uma ambição intelectual de ser um professor organizado, metódico.
00:44 Ele é um homem que tem peso na figura melhor de artista e intelectual.
00:49 Nem todo artista é um intelectual, nem todo intelectual é um artista.
00:52 Ele foi um poeta central no grupo da poesia marginal.
00:56 E eles representam um momento muito especial da lírica brasileira do século XX.
01:01 Foi um momento quase de desafogo, o momento da poesia marginal.
01:05 Salário máximo.
01:07 De noite, sou amante da empregada.
01:10 De dia, sou patrão da amante.
01:13 Era um movimento mesmo pra perturbar mesmo, entendeu?
01:17 Quer dizer, a nossa ideia era botar a boca no trombone, publicar coisa.
01:23 Esses lançamentos, esses aprontes todos que a gente fazia eram de graça.
01:28 Não tinha censura.
01:29 Na corda bamba.
01:31 Poesia, eu não te escrevo, eu te vivo.
01:35 E viva nós.
01:36 A casa do Carcaso era a casa das letras.
01:40 Dá pra você fazer uma linha cronológica da vida do Carcaso
01:43 através, por exemplo, das músicas, da obra musical dele.
01:46 O menor poema que eu já fiz na minha vida, vou dizer agora.
01:49 O Filho da Mãe.
01:51 Papei, papai.
01:53 O grande lance do Carcaso é que ele é um grande observador.
01:56 Acho que pra ele ser poeta, pra ele ser músico, pra ele ser teórico,
01:59 ele sabia olhar o que estava acontecendo em volta.
02:02 Ele era completo no sentido de ser um intelectual que atuava em todas as áreas.
02:06 Letrista, poeta, roteirista, desenhista.
02:11 Era uma figura artística e intelectual singularíssima.
02:15 E uma figura que é importante não só pelo que fez, como também pelo que fomentou.
02:20 ♪ Sou brasileiro de estatura mediana ♪
02:24 ♪ Gosto muito de fulana ♪
02:26 ♪ Mas se crana quem me quer? ♪
02:28 ♪ Sou brasileiro de estatura mediana ♪
02:32 ♪ Gosto muito de fulana ♪
02:34 ♪ Mas se crana quem me quer? ♪
02:36 ♪ Porque no amor quem perde quase sempre ganha ♪
02:40 ♪ Veja só que coisa estranha ♪
02:42 ♪ Saia dessa se puder ♪
02:44 [Som de encerramento]
02:46 [Sino]