​A DIREITA LUTA PELO DIREITO DE MENTIR

  • há 6 anos
A direita brasileira trava uma insólita batalha atualmente, em sua guerra cultural pelo retorno aos bons tempos que jamais existiram.

Ela está em luta pelo direito de mentir livremente.

Não quer ser importunada, em sua prática de entupir de falsidades o cérebro pouco ágil de seus correligionários.

O Movimento Brasil Livre e outras forças do atraso esquartejam o Facebook no momento, pela sua tímida tentativa de coibir as “fake news” que transitam aos milhões na plataforma, aqui e mundo afora.

A rede fechou parceria com agências de checagem de notícias, como Lupa e Aos Fatos, que o MBL considera “esquerdistas”, embora ambas sejam acreditadas e incentivadas pela grande mídia corporativa, insuspeita de qualquer tendência à esquerda.

O MBL ataca porque a checagem do Facebook compromete um dos pilares da sua estratégia, de mentir incansavelmente até que a mentira seja verdade - como fez e ensinou ao mundo o regime nazista.

Em artigo publicado na imprensa goiana, o deputado Eduardo Bolsonaro chora por algumas vítimas do saneamento editorial do Facebook.

Argumenta que censurar as fake news é a “guilhotina esquerdista do Século XXI” e lista uma dúzia de páginas da direita que foram derrubadas pela rede de Zuckerberg.

Veículos fundamentais à cultura universal tais como Loira Opressora, Faca na Caveira, Desquebrando Tabu, Bolsonaro Opressor e Orgulho de Ser de Direita.

Enquanto a ultradireita lamenta a perda desses pilares da boa informação, e consegue enxergar esquerdismo nos veículos da mídia corporativa de direita, um dos expoentes dessa mídia contribui para a disseminação de fake news, obviamente sem admitir isso.

Na edição de 15 de maio, o Jornal da Globo avalia o governo de Michel Temer e apresenta um quadro sintético constrangedor, que consegue enxergar as seguintes virtudes na pior gestão da era republicana no país:

Tirou o Brasil do vermelho. Salvou a Petrobrás. Derrubou a inflação. Fez o PIB crescer.

O cinismo e mentira da comunicação de direita, em todas as suas vertentes, de fato atinge níveis alarmantes, no mundo todo.

A ponto do Papa Francisco produzir uma homilia em que critica o papel da mídia, ao difamar líderes e correntes políticas, e com isso provocar golpes de estado em diversos países.

Embora sem nenhuma referência direta, a homilia foi claramente inspirada no Brasil e outros países que sofreram estupro institucional recentemente.

Mas a Folha de S.Paulo encarregou-se de vestir a carapuça, na forma pouco elegante de sugerir que é o Papa quem tem a vista tampada.

A foto que ilustra a reportagem mostra Francisco com o rosto coberto pela própria batina, levantada pelo vento na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Mais uma bomba semiótica da imprensa neoliberal também em guerra política, como a extrema-direita neofascista da qual ela finge se diferenciar.

Sutil como uma hóstia de chumbo. Agressiva como cuspir na cruz.

Mas uma demonstração transparente, reveladora, eloquente, do padrão de informação manipulada que é o novo normal do outrora chamado jornalismo.

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