Aqui sob o zimbório, onde um santo viveu, Eu scismo sobre o nada… E a lama entristeceu… E vem-me ao coração, assim, desilludido, Santa recordação do meu filho querido… A lembrança dos meus é orvalho enluarado Suavizando o calor do meu peito abrazado.
Da vida no espinhal, de minha mãe a imagem É perfume de flor, é verde de ramagem… Branca e doce visão aos pés do altar pendida, Intercedendo aos céos pela filha dorida, Que chora de amargor, ante o vício e o peccado, Enquanto escuta da alma um som nunca estudado…
Brando e divino som, que ao coração me vem Como resteas do sol, como um sopro do Bem… Seria a tua prece, ó mãe, o teu cicio Que em mim repercutindo, eu sinto que allivio? Deus fazendo vibrar seraphica oração, Harmonia do céo, dentro do coração?
Ó mãe, esposo e pae, ó trindade primeira, Que eu recordo, entre o crepe e a flor da laranjeira, Como estrellas brilhando em rosários de luz, Um clarão derramai aos pés da minha Cruz!…
Nísia Floresta(1810-1885) foi poetisa e escritora brasileira.