Rússia: Rublo continua em queda e nas ruas já se teme pela comida

  • há 10 anos
A divisa da Rússia, o rublo, continua em queda e a bater mínimos históricos face ao dólar e ao euro. Com o valor do petróleo descer e a influenciar os mercados, a moeda europeia chegou a valer esta quarta-feira à tarde mais de 52 rublos e o dólar mais de 41.

As sanções do Ocidente sobre a economia russa, por causa da interferência na Ucrânia, começam a fazer-se sentir e estão a esvaziar as carteiras dos russos. Nas ruas de Moscovo, sente-se preocupação e há até quem já anteveja que “a comida vai ficar mais cara”. Um recio que partiu de Anna, uma moscovita que nos deixou ainda outros alertas: “A desvalorização do rublo pode levar-nos a uma crise. Penso que vai haver menos emprego e que vão acontecer despedimentos.”

O conterrâneo Alexander, por outro lado, vê nesta recessão um ataque encapotado e não militar dos Estados Unidos ao “baixar o preço do petróleo”. “O que vai acontecer a seguir? Penso que isto é tudo feito contra a Rússia, é um género de novas sanções. Só o tempo poderá dizer o que vem a seguir”, concluiu este moscovita.

Muitos analistas explicam a recessão russa com a queda do valor do petróleo. Mas alguns vão mais além até que as sanções do ocidente por causa da Ucrânia. É o caso de Maria Lipman, que aponta o dedo às reformas do Kremlin: “Enquanto as despesas militares têm aumentado de forma substancial, o governo russo aplicou também novos impostos sobre os imóveis, mais taxas aos pequenos empresários e aumentou o valor dos pagamentos pelos seguros de saúde.”

A energia é, contudo, a pedra de toque na economia russa. O petróleo e o gás são as fontes de maior receita para o Kremlin. Esta semana, Moscovo e Pequim assinaram quase 40 novos acordos que abrangem os setores da defesa e comerciais, mas sobretudo financeiros.

Um acordo de tolerância cambial, por três anos, procura reforçar a importância dos rublos e dos yuans nos negócios entre os dois países. O objetivo principal é impedir a dependência do dólar e do euro, e evitar a procura, sobretudo, da divisa americana por parte das empresas russas. Mas, será esta viragem a oriente suficiente para a economia russa?

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